IECC: nº 207 - 22 de novembro de 2022

Editor: Prof. Nivalde J. de Castro

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Índice

1 Marco Institucional

1.1 Absolar pretende discutir com Lula adiamento do início de vigência da nova tarifa para GD

A Absolar quer aproveitar a presença de seus representantes na Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito, para encontrar o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e apresentar propostas que favoreçam um maior desenvolvimento da fonte solar. Um dos temas principais a serem abordados é a possibilidade de postergação do início da vigência de novas regras para tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição pelos sistemas de micro e mini geração distribuída (GD). Para a Absolar, a justificativa para a prorrogação do prazo está no descumprimento, por parte da Aneel e das distribuidoras, de regras e prazos estabelecidas na lei, o que tem acarretado inúmeros atrasos e dificuldades para os consumidores brasileiros. A Absolar diz que também pretende discutir com Lula outros temas que podem contribuir para acelerar a transição energética sustentável, tema caro ao presidente eleito e que faz parte de sua agenda de governo. (BroadCast Energia – 11.11.2022)

1.2 Mercado livre de energia atrai grandes corporações

O setor elétrico vai passar por transformações que devem mudar a forma como a maioria dos brasileiros compra energia elétrica. Com a possibilidade de os consumidores escolherem livremente seu fornecedor, empresas nacionais e internacionais de portes e segmentos variados preparam suas estratégias. São empresas como Vitol, Raízen, Santander e BTG. O Brasil possui hoje cerca de 10,7 mil consumidores livres, mas com a retomada do processo de abertura do mercado de energia elétrica vai criar um potencial de mercado de quase 90 milhões de unidades consumidoras. E capaz de girar R$ 400 bilhões por ano. (Valor Econômico - 11.11.2022)

1.3 Cerca de 70% da população tem interesse em instalar energia solar, diz pesquisa

Diante de um segmento em plena expansão, como o da mini e micro geração distribuída, 69% dos consumidores brasileiros já pensaram em ter energia solar em suas residências, segundo pesquisa elaborada pelo BV. O levantamento mostra o potencial de expansão do segmento, que atualmente já conta com mais de 1,4 milhão de sistemas de geração distribuída (GD) fotovoltaicos instalados, somando quase 15 GW de potência, que atendem 1,8 milhão de unidades consumidoras. Embora a capacidade seja considerável dentro da matriz elétrica brasileira, representando aproximadamente 7%, o um número de consumidores atendidos é pequeno frente os mais de 85 milhões de consumidores do País. Entre os consumidores interessados, 83% disseram possuir motivação financeira para investir em painéis solares, como o preço elevado da conta de luz (26%) ou usar a economia obtida para ajudar com outras despesas (45%). Apesar do forte interesse observado, a maioria diz não ter concretizado a compra por causa do alto valor do investimento. No entanto, somente 24% dos interessados chegaram a realizar algum tipo de orçamento e apenas 8% dos interessados sabiam da existência de linhas de financiamento exclusivas para painéis fotovoltaicos. (BroadCast Energia – 17.11.2022)

2 Empresas

2.1 Petrobras reduz preço do gás de cozinha nas refinarias em 5,2%

A Petrobras anunciou uma redução de 5,2% no preço médio do GLP, o gás de cozinha, vendido em suas refinarias a partir do dia 17 de novembro. Segundo a estatal, o preço médio de venda de GLP da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,7842/kg para R$ 3,5842/kg, uma redução de R$ 0,20 por quilo do produto. Com isso, o preço do botijão de 13 quilos, amplamente consumido pela população, vai cair R$ 2,60, para R$ 46,59. No comunicado, a Petrobras informou que a redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da empresa. Essa política, informa a companhia, "busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio". (BroadCast Energia – 16.11.2022)

2.2 Cemig/Passanezi: Investimentos em geração de energia solar já somam quase R$ 1 bi

O diretor-presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, disse que a empresa já tem programados investimentos de R$ 1 bilhão em geração de energia solar fotovoltaica, sendo R$ 894 milhões para projetos centralizados e R$ 137 milhões em geração distribuída (GD). Durante teleconferência de resultados do terceiro trimestre deste ano, o executivo destacou que a companhia tem 100 megawatts-pico do projeto solar Boa Esperança e 87 MWp das sete usinas do complexo Jusante. Já no segmento de GD, a empresa tem em construção 30 MWp de nove usinas. “Vamos fazer investimentos com boa disciplina de capital em geração, distribuição, transmissão e na Gasmig, e em geração em projetos que já têm destino dessa energia para clientes conhecidos. Todos os nossos projetos estão pré-vendidos”, afirmou o executivo. (BroadCast Energia – 16.11.2022)

3 Oferta e Demanda de Energia Elétrica

3.1 Dcide: Preço da energia convencional para três meses cai, mas segue acima dos R$ 60 por MWh

Os preços de referência para a energia nos próximos três meses se mantêm acima dos R$ 60 por MWh, mesmo com leve queda do índice trimestral para energia convencional, aponta o mais recente levantamento da consultoria Dcide, divulgado nesta quinta-feira. O indicador registrou queda de 0,91% para R$ 61,86 por MWh ante os R$ 62,43 por MWh anotados na semana passada. Mesmo com a redução, o preço atual acumula alta de 1,78% em um mês. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o País enfrentava uma severa crise hídrica com impactos sobre o Sistema Interligado Nacional (SIN), há queda de 63,83%. No caso da energia incentivada, o preço de referência para o período de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023 para o MWh com desconto de 50% no fio baixou 0,63% ante o verificado na semana passada, passando de R$ 90,82 por MWh para R$ 90,25 por MWh. Em um mês, a redução é de 0,42%. (BroadCast Energia – 17.11.2022)

3.2 ONS volta a reduzir previsão de carga para novembro e passa a estimar recuo de 2,7% no SIN

O ONS voltou a reduzir a previsão de carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) em novembro. Foram retirados mais 678 MW médios da estimativa, o correspondente a 1 ponto porcentual de variação anual. Com isso, a expectativa passa a ser de uma carga de 68.418 MWmed, o que corresponde a uma queda de 2,7% na comparação com o mesmo mes do ano passado. Anteriormente, a expectativa era de uma redução de 1,7%. Os dados constam no mais recente Informe do Programa Mensal de Operação (IPMO). (BroadCast Energia – 11.11.2022)

 

3.3 Metade dos brasileiros conhece alguém que gera a própria energia, diz CNI

Quase metade dos brasileiros conhece alguém que gere a própria energia, por meio de painéis solares ou usinas eólicas, por exemplo. É o que diz uma pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Apesar do indicador, apenas 3% dos entrevistados afirmaram ser autogeradores de energia. De acordo com a confederação, o percentual dos que dizem conhecer familiares ou conhecidos que gerem a própria energia aumenta conforme a faixa de renda. Enquanto o índice é de 37% no grupo dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo, a fatia salta para 64% entre aqueles que têm uma renda familiar superior a cinco salários. (Folha de São Paulo – 17.11.2022) 

4 Inovação

4.1 Um pivô de crescimento vertiginoso se aproxima para o hidrogênio verde

O hidrogênio verde está entrando no território do taco de hóquei: o ponto em que ele vê uma curva repentina e acentuada para cima. Um boom na oferta e na demanda pelo gás ecológico impulsionará uma enorme expansão global de 120 vezes no principal equipamento usado para separar a água e produzir hidrogênio. As instalações de eletrolisadores devem crescer de 2 gigawatts atualmente para 242 gigawatts nos próximos oito anos, com empresas como Longi Green Technology, John Cockerill, Plug Power, ITM Power e ThyssenKrupp liderando a fabricação, de acordo com a BloombergNEF. Cumulativamente, cerca de US$ 130 bilhões serão gastos em eletrolisadores até 2030. (BlombergNEF – 14.11.2022) 

4.2 Siemens e Quinto Energy assinam acordo para produção de hidrogênio verde na BA

A Siemens Energy e a Quinto Energy assinaram um memorando de entendimentos para o desenvolvimento de um projeto de hidrogênio verde com produção em larga escala na Bahia. O estudo de viabilidade prevê a produção de 1 milhão de toneladas de H2V por ano. No projeto está a implantação de uma usina de eletrolisadores no polo petroquímico de Camaçari e o empreendimento contará ainda com uma central de operações e tecnologia. O modelo de negócio pretende exportar para Europa o combustível produzido. O diretor de novos negócios da Siemens Energy, Andreas Eisfelder, acrescenta que essa interconexão entre as empresas é uma estratégica para relação de negócios energéticos Brasil/Alemanha. (CanalEnergia - 16.11.2022) 

 

4.3 Phama Energias Renováveis e Sunfarming investem R$ 80 mi em projeto de H2 verde

A Phama Energias Renováveis firmou uma parceria com a empresa alemã Sunfarming para a produção e hidrogênio verde no Brasil. O projeto terá um investimento de R$ 80 milhões e será estabelecido na região do Vale Verde, município do Rio Grande do Sul. A estimativa da Phama Energias Renováveis é de que a produção de hidrogênio verde comece no primeiro semestre de 2024, com a produção de 1,5 mil toneladas de amônia ao ano, como produto derivado do hidrogênio verde. (CanalEnergia - 17.11.2022) 

5 Biblioteca Virtual

5.1 Artigo GESEL: "Aplicações do Hidrogênio Verde no Brasil"

Em artigo publicado pelo Portal de Hidrogênio Verde da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), Nivalde José de Castro (Coordenador do GESEL), Sayonara Andrade Eliziário (Pesquisadora associada do GESEL) e Jéssica Luisa Alves do Nascimento (Pesquisadora do GESEL) tratam das diversas aplicações do Hidrogênio Verde no Brasil em meio ao contexto mundial. Segundo as autoras e o autor, "nota-se que muitos esforços estão sendo realizados, no Brasil e no mundo, para inserir o H2V em novos mercados e substituir o mercado de hidrogênio cinza, altamente emissor. Deste modo, novas oportunidades são vislumbradas e (...) [o] Brasil, por sua vez, apresenta vantagens competitivas". Acesse: https://www.h2verdebrasil.com.br/noticia/aplicacoes-do-hidrogenio-verde-no-brasil/ (GESEL-IE-UFRJ – 16.11.2022)

5.2 Artigo GESEL: “A Crescente Importância dos Recursos de Flexibilidade frente à Expansão Acelerada das Fontes Renováveis Variáveis”

Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Nelson Hubner (foi Diretor Geral da Aneel de 2009-2013), Roberto Brandão (Pesquisador Sênior do GESEL), Lillian Monteath (Pesquisadora Plena do GESEL) e Vinicius Botelho (Pesquisador Associado do GESEL) abordam a crescente importância dos Recursos de Flexibilidade frente ao cenário de expansão das energias renováveis no contexto de transição energética. Segundo os autores, “a geração renovável, em geral, é caracterizada pela alta variabilidade e sazonalidade, que pode ser diária, mensal ou até anual. Assim, conforme cresce a inserção das fontes renováveis, aumentam os desafios para a operação do sistema elétrico relacionados à segurança e à confiabilidade de suprimento, que precisam ser garantidas mesmo em momentos sem vento ou sol”. Sob essa perspectiva, concluiu-se que “a evolução do parque gerador brasileiro, com o significativo aumento da geração variável eólica e solar, tornará a carga líquida (carga menos geração variável ou inflexível) cada vez mais volátil. Assim, haverá oportunidade para a inserção de novos recursos de flexibilidade no sistema, sejam eles do lado da geração, do consumo ou do armazenamento”. (GESEL-IE-UFRJ – 16.11.2022)

5.3 Artigo GESEL: “O conflito na Ucrânia e a indústria de energias renováveis”

Em artigo publicado pelo GESEL, Leonardo Gonçalves, Isadora Corrêa, Vinicius José da Costa, Carolina Tostes e Luiza Masseno Leal abordam os principais impactos do conflito Rússia-Ucrânia, que teve início em fevereiro deste ano, para a indústria de energias renováveis. Segundo os autores, “os desafios geopolíticos e macroeconômicos atualmente verificados aumentam as incertezas sobre os mercados de energias renováveis no curto prazo. Por esse motivo, diversos países estão estabelecendo estratégias que visam aprofundar o processo de transição energética, garantir a segurança de abastecimento e reduzir a dependência energética com relação à Rússia. Os custos elevados de investimento para as fontes eólica e solar fotovoltaica decorrentes da ruptura das cadeias de suprimentos globais dos materiais-chave, do aumento dos custos de frete e do aperto nas condições de financiamento, porém, deram surgimento a um novo cenário que irá requisitar estratégias inovadoras capazes de efetivar a difusão acelerada das energias renováveis”. (GESEL-IE-UFRJ – 18.11.2022)

5.4 Artigo de Robson Braga de Andrade: "Desafios e oportunidades na economia de baixo carbono"

Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Robson Braga de Andrade, empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aborda os desafios e as oportunidades na transição para uma economia de baixo carbono. Segundo o autor, “neste momento em que há risco de uma nova recessão global, as ações de combate às mudanças do clima devem ser combinadas com medidas que estimulem a retomada do crescimento econômico sustentado em todo o mundo para garantir a redução das desigualdades sociais e o bem-estar da população”. Por fim, destacou-se que “é preciso combater o desmatamento ilegal e controlar as queimadas, sobretudo na Amazônia, o maior bioma do mundo”. (GESEL-IE-UFRJ – 16.11.2022)

Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Pesquisadores: Diogo Salles, Fabiano Lacombe e Rubens Rosental.
Assistentes de pesquisa: Sérgio Silva.

As notícias divulgadas no IECC não refletem necessariamente os pontos da UFRJ. As informações que apresentam como fonte UFRJ são de responsabilidade da equipe de pesquisa vinculada ao GESEL do Instituto de Economia da UFRJ.

Para contato: iecc@gesel.ie.ufrj.br