A decisão do governo paranaense de privatizar a Copel, lançando ações em poder do Estado no mercado financeiro, inclui a empresa num clube que vem deixando de ser seleto: o de companhias sem controlador definido, como uma “corporation”, o que pode dar capacidade de investimento a ainda estatal, além de garantir dividendos ao Paraná, que se mantém como acionista relevante. O modelo adotado é igual ao utilizado recentemente pelo governo federal para privatizar a Eletrobras. Considerada pelo mercado como uma empresa sólida e de boa governança, a Copel pode se tornar uma “concorrente” de peso para a Eletrobras no setor elétrico, ao adotar um modelo que também foi utilizado pela Vibra Energia (ex-BR Distribuidora), Vale e Embraer, entre outras companhias. Além disso, a privatização pode garantir a capacidade instalada para a empresa. Uma regra estabelecida há alguns anos exigia que a Copel se desfizesse do controle acionário da hidrelétrica Foz do Areia, a maior usina da companhia, com capacidade instalada de 1,6 gigawatt (GW). O contrato de concessão da usina se encerra em setembro do ano que vem. Após essa data, usinas e concessionárias estatais podem renovar as outorgas por 30 anos, desde que privatizem a maior parte das operações. Neste caso, a Copel teria que ofertar à iniciativa privada ao menos 51% das operações de Foz do Areia, tornando-se sócia minoritária. Sem as amarras da regra feita para as estatais de energia, Foz do Areia continuaria na mão da empresa, que tem objetivo de ser 100% renovável. Em nota, o governo reforçou que o Estado seguirá como maior acionista (mínimo de 15%) e também terá uma ação de classe especial, “golden share”, com poder de veto, que visa garantir os investimentos da Copel Distribuição, hoje o principal braço da companhia. (Valor Econômico – 21.11.2022)