ONS vê piora no cenário hídrico e esgotamento em novembro

Uma nota técnica concluída ontem, 22 de julho, pelo ONS traça um cenário ainda mais desafiador para o fornecimento de energia no fim deste ano por conta da crise hídrica que atinge as hidrelétricas do país. O texto prevê “o esgotamento de praticamente todos os recursos no mês de novembro” para o SIN. O sistema opera com sobras de potência para garantir o fornecimento de energia elétrica. São essas sobras que serão consumidas até novembro. O penúltimo mês do ano marca o fim do período seco. Por isso, não há previsões a partir daí. O ONS já considera em sua avaliação medidas já adotadas e o aumento do PIB para 4,5% no ano, em vez dos 3% que até então era usado como parâmetro. O crescimento econômico é o principal parâmetro para a alta do consumo de energia, estimada em 7% este ano. O ONS traça dois cenários. Na primeira simulação, a previsão de acionamento do parque termelétrico é mais conservadora, não sendo consideradas no planejamento todas as unidades indisponíveis. Nesse caso, toda a segurança do sistema será consumida em novembro, sendo necessário importar energia para não ter apagão. A previsão é de importar 2.107 megawatts de energia, o equivalente a Angra 1 e 2 juntas. No segundo cenário, o ONS prevê uma maior participação das térmicas. Nesse cenário, o mais otimista, a sobra seria de apenas 144 MW. Para se ter uma ideia do tamanho do risco que essas sobras representam, normalmente o sistema opera com 14 mil a 15 mil MW de reserva. O ONS já pediu o adiamento das paradas de manutenção de todas as usinas do país. Também pediu para mudar a estratégia de geração das usinas do Rio São Francisco, com o objetivo de guardar mais água para o fim do ano. (Valor Econômico – 23.07.2021)