Especialistas ouvidos pelo Valor acreditam que a decisão de antecipar para o dia 16 a adoção da bandeira verde na cobrança das contas de luz não vai significar riscos para a operação e ressaltam que há espaço sim para abrir mão do despacho extraordinário das termelétricas devido ao regime de chuvas melhor que o esperado. Mas eles ponderam que a redução de valores nas contas de luz não será da magnitude dita ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, de 20%. Maurício Tolmasquim, professor da Coppe/UFRJ e ex-presidente da EPE, ressaltou que os reservatórios do subsistema Sudeste-Centro-Oeste, que representam 70% da capacidade de armazenamento do SIN estão no nível mais alto desde julho de 2013. Mas ele ressalta que a decisão sobre a adoção da bandeira verde no lugar da bandeira de escassez hídrica é política, uma vez que a conta das bandeiras ainda está deficitária. Para pagar essa conta com a bandeira verde, o governo fará um empréstimo junto às distribuidoras, que deverá ser pago a partir do ano que vem. “Você poderia manter a bandeira e pagar o que falta pagar ou eliminar a bandeira, mas jogando a conta para o próximo ano. Não tem jeito, ou a gente paga agora ou paga a partir do ano que vem através do reembolso do financiamento”, afirma. A bandeira especial acrescentava R$ 14,20 a cada 100 kilowatt-hora (Kwh) de consumo no mês. (Valor Econômico – 08.04.2022)