Em seu discurso de posse, o novo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, avisou que a construção de novas refinarias será prioridade da Petrobras. E anunciou que a obrigação da estatal de vender as refinarias restantes, do Termo de Compromisso de Cessação assinado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2019, seria revertida. A principal razão desse desejo de aumentar a capacidade de refino tem a ver com a dependência das importações de derivados, especialmente de óleo diesel, que ultrapassou os 14,5 milhões de metros cúbicos importados em 2022. Sem autossuficiência de refino, fica difícil praticar preços internos aos níveis desejados, porque as importações têm de ser revendidas internamente a cotações de mercado internacional convertidas em reais pelo câmbio do dia. Mas essa nova prioridade enfrenta importantes limitações. Entre a definição de um projeto de expansão do refino e o início da produção correm em torno de quatro anos. Ou seja, mesmo se a Petrobras se apressar na construção de novas refinarias, antes do final de 2027, após o fim do mandato Lula 3, elas não deverão estar disponíveis e não deverão contribuir para reduzir a crescente dependência dos importados. Uma refinaria só se paga em cerca de 30 anos, portanto, lá por 2054. Muito antes disso, o mundo já terá avançado no processo de substituição de energia fóssil por energia limpa – operação que os governos estão impondo a toque de caixa. Isso significa que, em todo o planeta, tende a aumentar a capacidade ociosa das refinarias. A Petrobras também planeja investir em fontes limpas e renováveis: energia eólica offshore (em alto mar); energia solar; ampliação e melhoria da produção de biocombustíveis; produção de hidrogênio verde a partir da hidrólise da água com energia limpa; e melhor aproveitamento do gás natural. Todas as grandes petroleiras estão a enveredar por caminhos assim. Da Petrobras também se esperam iniciativas nessa direção. (O Estado de São Paulo – 07.01.2023)