Realidade em mercados maduros, como Europa, Ásia e Oceania, a abertura integral do mercado de energia elétrica, o mercado livre, pode fazer parte do dia a dia dos consumidores brasileiros ainda nesta década. Na opinião de Rodrigo Ferreira, presidente executivo da Abraceel, essa mudança poderia, em grande parte, acontecer a partir de 2026. Hoje, só tem acesso ao ACL a unidade consumidora com demanda de, no mínimo, 500 kW. A abertura total depende ainda de decisões de governo. Uma das sinalizações sobre a necessidade de se adaptar ao novo contexto do setor elétrico está na proposta para renovar as concessões de distribuição, publicada pelo MME em 22 de junho para consulta pública. Na nota técnica 14/2023/SAER/SE, o MME contextualiza o novo ambiente de negócios em que a oferta descentralizada ganha espaço e coloca o consumidor como protagonista. Enquanto mercados mais maduros perseguem a descarbonização da matriz energética, Ferreira ressalta que a composição da matriz brasileira é um ativo em termos de sustentabilidade. “Quando se fala em transição energética, nosso desafio não é igual ao de Europa e Ásia, onde os mercados não são verdes, mas são descentralizados e digitalizados. Nosso grande desafio no que tange à eletricidade não é descarbonizar, é digitalizar e descentralizar, e é aí que entra o mercado livre”, afirma Ferreira. (Valor Econômico – 24.07.2023)