O presidente Jair Bolsonaro anunciou na quarta-feira (06/04) o fim da bandeira escassez hídrica, em vigor desde setembro do ano passado, e adoção da bandeira verde na conta de luz a partir do dia 16, uma antecipação, portanto, em relação ao prazo esperado para troca da bandeira, que seria o final do mês. Nas contas do governo, a conta de luz terá redução de cerca de 20% com a medida. Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast alertam, no entanto, que a queda vai ser diluída com os reajustes tarifários das distribuidoras, que serão estabelecidos ao longo deste ano. A PSR, maior consultoria de energia elétrica do País, estima que, em média, esses reajustes serão de 15%. Então, computados os aumentos tarifários em 2022, a redução média na conta de luz do consumidor residencial deve ser de 6,5%. Anunciada em agosto, a bandeira escassez hídrica foi uma das medidas estabelecidas pelo governo em 2021 para evitar falhas no fornecimento de energia em meio a grave crise hídrica. O patamar, que se encerraria em 30 de abril, representa uma cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). A volta da bandeira verde acontece em um cenário muito diferente do que o país atravessou em 2021, já que choveu o suficiente para garantir a recuperação dos níveis dos reservatórios. (O Estado de São Paulo – 06.04.2022)
IECC: nº 175 - 12 de abril de 2022
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro
Para receber o informativo por email, clique aqui.
Índice
1 Marco Institucional
1.2 Governo cria grupo de trabalho para elaborar plano para recuperação de reservatórios
O governo aprovou na quinta-feira (07/04) a criação de um grupo de trabalho para elaborar um plano para viabilizar a recuperação dos reservatórios de regularização do Sistema Interligado Nacional (SIN). A decisão foi tomada em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), colegiado presidido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Segundo a pasta, a criação do grupo considera a evolução da matriz brasileira de geração de energia, com a relevante expansão das fontes renováveis não hídricas e o aumento dos requisitos dos demais usos da água para a operação dos reservatórios das usinas hidrelétricas. As medidas que serão elaboradas englobam grandes reservatórios. Além do próprio MME, o colegiado contará com representantes do Ministério do Desenvolvimento Regional, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Também fica permitida a participação de especialistas e representantes de órgãos e entidades da sociedade civil e de associações para robustecer as avaliações. (BroadCast Energia – 07.04.2022)
1.3 DOU: Bolsonaro envia 27 mensagens ao Congresso com indicações e trocas em agências reguladoras
O presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional 27 mensagens com indicações para cargos na direção de agências reguladoras. Alguns do ato referem-se à retirada de nomes que já estavam em tramitação no Poder Legislativo, para atender acordo políticos. A maioria, no entanto, aponta novas escolhas para a apreciação dos parlamentares. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vem segurando indicações de Bolsonaro há mais de um ano porque quer "dividir o bolo" todo de uma vez, para atender de forma "equilibrada" as diversas alas políticas que têm interesse nos cargos. No último dia 24 de março, o Broadcast noticiou que o Senado travou a análise de pelo menos 46 indicações do presidente Bolsonaro devido aos embates para a ocupação das vagas e troca de nomes. Há atrito entre "padrinhos", incluindo senadores, ministros, integrantes do Centrão e o entorno de Bolsonaro. (BroadCast Energia – 04.04.2022)
1.4 PDE 2031: Publicação traz o estudo indicativo de expansão da matriz energética brasileira
O MME lançou a versão final do PDE 2031, que traz as indicações de expansão da matriz brasileira até o final da atual década. Entre as principais novidades do plano, estão a indicação de uma nova usina nuclear de 1 GW no sistema elétrico em 2031 e um capítulo inteiro dedicado ao potencial do Brasil na produção de hidrogênio. O PDE prevê ainda que a matriz energética brasileira crescerá 30% durante o período estudado, saindo dos atuais 295 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) para 384 milhões de tep em 2031. Isso equivale a um crescimento anual de aproximadamente 2,7%. Olhando especificamente para a matriz de eletricidade, o crescimento previsto é 40%, saltando de 674 TWh no final de 2021 para 945 TWh em 2031. Essa evolução considera tanto a geração centralizada em grandes usinas quanto a geração distribuída de pequenas plantas. O sistema de transmissão terá um acréscimo de 34 mil km de linhas, uma alta de 19% na comparação com o volume atual. (Petronotícias – 06.04.2022)
2 Regulação
2.1 Governo oficializa indicação de Sandoval Feitosa para presidência da Aneel
O governo oficializou na segunda-feira (04/04) a indicação de Sandoval Feitosa para a presidência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A decisão do presidente Jair Bolsonaro foi publicada na edição do Diário Oficial da União. A indicação de Sandoval Feitosa, que conta com apoio do ministro Ciro Nogueira, já era esperada. O nome foi encaminhado à Casa Civil para o cargo ainda em dezembro pelo Ministério de Minas e Energia. Mas, nos bastidores, senadores tentavam emplacar o diretor Efrain da Cruz para o cargo. Diretor da agência reguladora desde maio de 2018, Feitosa terá que passar por uma nova sabatina na Comissão de Infraestrutura do Senado, o que pode acontecer ainda nesta semana. Se confirmado, irá suceder André Pepitone, que, por sua vez, integrará a diretoria da Itaipu Binacional. (BroadCast Energia – 04.04.2022)
2.2 Modernização do setor e tarifa de energia serão desafios para nova diretoria da Aneel
A renovação da diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) terá impactos significativos para o futuro do setor elétrico e para o próximo governo, seja um segundo mandato de Jair Bolsonaro ou uma nova equipe. Caberá ao colegiado regular toda a aguardada agenda de modernização do setor elétrico e a abertura do mercado livre para todos, que pode avançar a depender da aprovação de propostas que estão no Congresso. Em paralelo, os diretores terão que lidar com o aumento das tarifas, que seguirão pressionadas pelos empréstimos bilionários ao setor elétrico devido à pandemia e à crise hídrica de 2021. Além de indicar Sandoval Feitosa para a presidência da agência, o chefe do Executivo encaminhou a recondução do já diretor da agência Hélvio Neves Guerra e os nomes de Agnes da Costa, Fernando Mosna e Ricardo Lavorato Tili para apreciação do Senado. Todos deverão ser sabatinados na Comissão de Infraestrutura e aprovados pelo plenário para serem confirmados. Por conta da Lei Geral das Agências Reguladoras, de 2019, Bolsonaro pode ter sido o último a trocar inteiramente o colegiado. Os novos diretores terão prazo de mandatos diferentes para evitar que todos saiam no mesmo ano. (BroadCast Energia – 05.04.2022)
3 Empresas
3.1 Energia de Itaipu será comercializada pela ENBPar
O presidente da República Jair Bolsonaro (PL) editou o decreto n° 11.027 no Diário Oficial da União da sexta-feira (1) que regulamenta a comercialização de energia elétrica gerada pela parte brasileira da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional. A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A (ENBPar) - estatal criada para gerir a hidrelétrica e a Eletronuclear depois da privatização da Eletrobras - será responsável pela comercialização da energia elétrica da binacional consumida no Brasil. “O decreto tem por objetivo designar a ENBPar como agente comercializador da energia elétrica gerada pela Itaipu Binacional, a fim de que as atribuições pertinentes anteriormente desempenhadas pela Eletrobras sejam cumpridas pela nova estatal, uma vez que a empresa assumirá a titularidade do capital social e a aquisição dos serviços de eletricidade da Itaipu Binacional”, diz a nota da Secretaria-Geral da presidência. (Valor Econômico – 04.04.2022)
4 Oferta e Demanda de Energia Elétrica
4.1 ONS: Carga do SIN em abril é revisada para 71.984 megawatts médios, alta de 4,5% ante 2021
O ONS revisou a previsão de carga de energia no SIN para 71.984 megawatts médios no mês de abril, alta de 0,8% em relação à estimativa anterior que era de 71.435 MWm. Em relação ao mesmo mês de 2021 a projeção indica alta de 4,5%. No Sudeste/Centro-Oeste, principal centro de carga do País, a revisão aponta uma demanda 2,6% maior do que o estimado na semana passada, para 42.786 MWm. Em relação a abril de 2021, esse montante representa um crescimento de 7,8%. Para a região Sul, espera-se que a carga termine o mês em 12.181 MWm, alta de 1,0% em relação à estimativa da anterior, e de 1,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já no submercado Nordeste a expectativa é que a demanda por energia diminua 2,2% em relação à projeção anterior, mas em relação a abril do ano passado houve crescimento de 0,7%, para 11.268 Mwm. No Norte houve o ONS estima uma diminuição de 0,2% na carga em relação à projeção anterior para 5.749 MWm, redução de 4,8% ante o mesmo mês de 2021. (BroadCast Energia – 01.04.2022)
4.2 EPE: mês de fevereiro de 2022 tem maior consumo de energia elétrica desde 2004
O consumo nacional de energia elétrica em fevereiro foi o maior da série histórica para o mês desde 2004, atingindo 41.794 GWh, avanço de 1,3% em relação ao mesmo mês de 2021, informou a EPE. O motivo, segundo a autarquia, foi a continuidade do crescimento de consumo da classe comercial. Quanto ao ambiente de contratação, o mercado livre apresentou alta (+5,5%) no consumo no mês, enquanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica retraiu (-1,1%). (BroadCast Energia – 01.04.2022)
4.3 MME: Capacidade instalada de geração alcança 191,9 mil MW
A capacidade instalada total de geração de energia elétrica do Brasil atingiu em fevereiro 191.936 MW, incluindo GD, o que corresponde a um crescimento de 6,7%, em comparação com o mesmo mês do ano passado, com acréscimo líquido de 11.995 MW, informou o Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico Brasileiro de fevereiro, publicado nesta segunda-feira, 04, pela Secretaria de Energia Elétrica (SEE), do MME. Dentre as fontes de energia com maior expansão, percebe-se o destaque para a solar, com 5.774 MW, seguida da eólica, com 4.288 MW. Já as fontes térmicas responderam por 1.888 MW. O boletim também salientou a forte expansão da geração distribuída, que alcançou 9.469 MW instalados em fevereiro, alta de 83,9% em 12 meses, com 858.257 unidades. Com isso, a modalidade já corresponde a 4,9% da matriz de capacidade instalada de geração de energia elétrica. Ainda conforme o boletim, as fontes renováveis (hidráulica, biomassa, eólica e solar) representaram 83,7% da capacidade instalada de geração em fevereiro de 2022. (BroadCast Energia – 04.04.2022)
5 Inovação
5.1 MME: Lançamento do PDE com destaque para o potencial do hidrogênio
Com uma previsão de R$ 3,2 trilhões de investimentos até 2031 no setor energético do país, a versão final do Plano Decenal de Energia (PDE) foi lançado. O documento agora conta com algumas das contribuições e sugestões feitas por instituições do setor elétrico que participaram da consulta pública do plano. Uma das grandes novidades do PDE 2031 será um capítulo inteiro dedicado à produção de hidrogênio no país. Pelo fato de poder ser usado tanto para o armazenamento de energia quanto para o acoplamento do setor de energia aos segmentos de indústria e transportes, o hidrogênio tem chamado atenção de investidores em todo o mundo. De acordo com o PDE, a estimativa do potencial técnico total de produção de hidrogênio no Brasil até 2050 totaliza 1,8 milhão de toneladas por ano. Esse volume representa mais de 14 vezes a demanda mundial de hidrogênio em 2018. (Petronotícias – 06.04.2022)
5.2 Artigo de Ensaio Energético: “O desafio dos materiais para a transição energética”
Em artigo publicado pela plataforma digital Ensaio Energético, Letícia Lorentz, Consultora na Escopo Energia e mestranda em Planejamento Energético pela COPPE/UFRJ, aborda a exploração de matéria prima na transição energética. Segundo Letícia, “na última década, o crescimento das fontes renováveis resultou em um aumento de 50% na quantidade média de minerais por unidade de capacidade instalada. Um aumento semelhante é percebido com os veículos elétricos, uma vez que esses utilizam seis vezes mais minerais que os carros convencionais”. A autora conclui que, “é fundamental que se reinventem os modos de produção e utilização de materiais. Da exploração e processamento ao design dos produtos, os esforços de pesquisa e inovação podem aliviar as pressões sobre a cadeia de suprimento primário, permitir substituições de materiais para determinadas aplicações e reduzir a intensidade de uso em outras”. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui. (Ensaio Energético – 11.04.2022)
6 Biblioteca Virtual
6.1 Artigo de Leandro Mosello e Marcela Pitombo: “A hora dos serviços ambientais pagos”
Em artigo publicado no Valor Econômico, Leandro Mosello (sócio-fundador da MoselloLima Advocacia) e Marcela Pitombo (coordenadora de PSA, Créditos de Carbono e Negócios Verdes da MoselloLima Advocacia) tratam dos negócios verdes no território brasileiro. Segundo os autores, “o momento é oportuno para alavancagem de instrumentos econômicos sustentáveis, por isso, é indispensável a participação dos principais setores brasileiros, de forma integrada e propositiva, na construção de programas, projetos, contratos e parcerias com os entes federados da União, Estados e municípios, que em sinergia com a agenda ESG, sedimentarão a posição do Brasil como grande player no mercado global de negócios verdes.” Para ler o texto na íntegra, clique aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 07.04.2022)
Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Pesquisadores: Diogo Salles, Fabiano Lacombe e Rubens Rosental.
Assistentes de pesquisa: Sérgio Silva.
As notícias divulgadas no IECC não refletem necessariamente os pontos da UFRJ. As informações que apresentam como fonte UFRJ são de responsabilidade da equipe de pesquisa vinculada ao GESEL do Instituto de Economia da UFRJ.
Para contato: iecc@gesel.ie.ufrj.br