Deputados aprovaram nesta terça-feira, 01, o pedido de urgência para acelerar a tramitação de um projeto de decreto legislativo que suspende regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que tratam da metodologia de cálculo das tarifas de transmissão. A expectativa é que o texto, apresentado pelo deputado Danilo Forte (União-CE), seja analisado pelo plenário da Câmara na próxima semana. A decisão dos deputados levantou alerta no setor elétrico. A Frente Nacional dos Consumidores de Energia afirma que a suspensão das medidas traz um custo adicional para todos os brasileiros. Em nota, citam que dados da Aneel indicam que o aumento na conta de luz pode chegar a 2,4% no Nordeste e a quase 1% na Região Norte. (BroadCast Energia – 01.11.2022)
IECC: nº 205 - 07 de novembro de 2022
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro
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Índice
1 Marco Institucional
1.2 Governo propõe redução de meta de descarbonização dos transportes em 2023
A menos de uma semana do início da COP-27, no Egito, o MME propôs uma meta de descarbonização dos transportes no país para 2023 menor do que a vigente neste ano. A Pasta propôs nesta segunda-feira que a meta do próximo ano seja de 35,45 milhões de toneladas de carbono de emissões mitigadas, 1,4% abaixo da estabelecida para 2022, que é de 35,98 milhões de toneladas de carbono. As metas fazem parte do programa RenovaBio, e as distribuidoras de combustíveis têm que cumpri-las por meio da compra de Créditos de Descarbonização (CBios) gerados por produtores de biocombustíveis. Cada CBio equivale à mitigação de uma tonelada de emissões de gases de efeito estufa, equivalentes em carbono, através da substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis. A proposta para 2023 também ficou 16,3% abaixo do centro da meta que já havia sido indicada em 2021 para o próximo ano, e que era de 42,35 milhões de toneladas de carbono mitigadas. A proposta se aproxima do piso da banda da meta indicada anteriormente, que era de 33,85 milhões de toneladas de carbono. O topo da meta era 50,85 milhões de toneladas de carbono. (Valor Econômico - 31.10.2022)
2 Regulação
2.1 Aneel mantém bandeira tarifária verde para novembro
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) manteve a bandeira verde em novembro para todos os consumidores conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Com a decisão, não haverá cobrança extra na conta de luz pelo sétimo mês seguido. A conta de luz está sem essas taxas desde o fim da bandeira de escassez hídrica, que durou de setembro de 2021 até meados de abril deste ano. Segundo a Aneel, na ocasião, a bandeira verde foi escolhida devido às condições favoráveis de geração de energia. Caso houvesse a instituição das outras bandeiras, a conta de luz refletiria o reajuste de até 64% das bandeiras tarifárias aprovado no fim de junho pela Aneel. Segundo a agência, os aumentos refletiram a inflação e o maior custo das usinas termelétricas neste ano, decorrente do encarecimento do petróleo e do gás natural nos últimos meses. Bandeiras Tarifárias. (Folha de São Paulo – 28.10.2022)
2.2 Feitosa diz que Aneel está à disposição das equipes de transição de governo
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa, cumprimentou todos os vencedores das eleições, incluindo o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice- presidente, Geraldo Alckmin. Ele disse na reunião desta terça-feira, 1º de novembro, que a Aneel está à disposição das equipes que farão a transição de governo nos próximos dois meses. “A Aneel, como parte integrante da administração pública federal, coloca-se a disposição das equipes técnicas responsáveis pelo processo de transição, no momento que iniciar os trabalhos de mudança para o novo governo”, afirmou Feitosa. O dirigente agradeceu a contribuição e o comprometimento dos colaboradores da agência, do Operador Nacional do Sistema e de todas as empresas de distribuição, transmissão e geração, para garantir o fornecimento de energia a todas as seções eleitorais. Destacou ainda o trabalho da Justiça Eleitoral para permitir que a eleição ocorresse de forma plena e em ambiente de tranquilidade. (CanalEnergia – 01.11.2022)
3 Empresas
3.1 Eletrobras abre PDV com custo de R$ 1 bi
A Eletrobras anunciou na noite desta sexta-feira, 28 de outubro, a abertura para adesão ao Plano de Demissão Voluntária, o primeiro desde a capitalização, ocorrida em junho deste ano. A empresa estima um custo de R$ 1 bilhão e os elegíveis em 2.312 colaboradores. O PDV será implantado em todas as subsidiárias e na holding e é voltado para empregados aposentados pela previdência oficial ou aposentáveis até 30 de abril de 2023, considerando critérios do INSS, como idade e tempo de serviço. O período de adesão será entre 1º e 18 de novembro. O custo do PDV de R$ 1 bilhão considera os elegíveis e um payback estimado de 11,2 meses. Segundo a empresa, entre os incentivos que fazem parte do pacote estão as pecúnias equivalentes a três anos de plano de saúde e um ano de auxílio-alimentação, o incentivo indenizatório de nove salários, além dos valores referentes à demissão sem justa causa. Os desligamentos serão feitos entre dezembro deste ano e abril de 2023. De acordo com a Eletrobras, o lançamento do PDV está associado a medidas de otimização de custos e despesas pós capitalização. A empresa salientou que o plano inclui o oferecimento de condições superiores às ofertadas na última versão do PDV, lançado em 2019. (CanalEnergia – 28.10.2022)
3.2 Eletrobras estuda proposta de conversão das ações preferenciais
A Eletrobras anunciou que estuda uma proposta de conversão das ações preferenciais classe B (ações PNB) em ações ON. Segundo a companhia, isso se dá em relação à consolidação da negociação das ações na B3 exclusivamente em ações ordinárias como passo para implementação da migração para o novo mercado. Por outro lado, em relação às ações preferenciais classe A, a companhia informa que está analisando todas as alternativas ao seu alcance em busca daquela que melhor atenda aos interesses da Eletrobras e dos seus acionistas, levando em consideração, inclusive, as características peculiares dessa classe de ações, sobretudo a sua baixa liquidez no mercado secundário, que a difere das ações PNB. De acordo com a Eletrobras, a realização de potencial migração para o novo mercado, bem como seus termos e condições (incluindo a conversão e a razão de conversão), seguem sob análise da administração da companhia. (CanalEnergia – 31.10.2022)
4 Leilões
4.1 MME publica minuta e abre consulta pública sobre leilão de margem de escoamento
O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou a minuta da portaria que trata da realização de um leilão de margem de escoamento previsto para o primeiro semestre de 2023 e abriu consulta pública sobre o documento. O prazo para participação é de 30 dias. As contribuições podem ser realizadas no portal do MME. Será o primeiro certame deste tipo a ser realizado pela Pasta. O Procedimento Competitivo por Margem (PCM), como é chamado pelo MME, visa dar uma solução à fila de projetos pedindo outorga que, segundo a Aneel, chega a cerca de 200 GW. Em nota publicada na semana passada para anunciar a iniciativa, a Pasta informou a medida visa "proporcionar maior eficiência na alocação dos recursos de transmissão, cujo acesso tem sido limitado, dadas restrições técnicas e econômicas para atendimento dos interessados". (BroadCast Energia – 03.11.2022)
4.2 Aneel aprova edital do leilão de transmissão de dezembro
A Aneel aprovou o edital do leilão de transmissão marcado para 16 de dezembro, em reunião extraordinária nesta terça-feira, 1º de novembro. O documento passou por avaliação do Tribunal de Contas da União, que vai ratificar em reunião a versão homologada pela Aneel. O certame é destinado à contratação de 15 empreendimentos de transmissão. Eles estão distribuídos em seis lotes, entre projetos novos e serviços contratados para instalações existentes. O investimento previsto é R$ 3,5 bilhões, e os prazos de conclusão das obras variam de 42 a 60 meses. Pelas regras do certame, a garantia de fiel cumprimento do contrato terá valor diferenciado de acordo com o deságio oferecido pelo vencedor. Para um desconto de até 50% em relação à receita teto do leilão, a garantia é de 5% do investimento. Se o percentual ficar entre 50% e 60%, o valor sobe para 7,50%, e, acima disso, ele será de 10%. (CanalEnergia – 01.11.2022)
5 Oferta e Demanda de Energia Elétrica
5.1 ONS: Carga em 2022 deverá crescer 0,5%
A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aponta que a carga poderá encerrar 2022 com crescimento de 0,5% quando comparado a 2021. Essa previsão, se confirmada, ficaria 1,6 ponto porcentual abaixo do que foi calculado na 2ª revisão quadrimestral de 2022 a 2026. Para novembro a estimativa é de que a carga fique 0,6% menor e em dezembro próximo à estabilidade, alta de apenas 0,1%. Os dados foram apresentados durante o primeiro dia de reunião do Programa Mensal de Operação (PMO) para novembro, realizado nesta quinta-feira, 27 de outubro. Apesar do mês atual ainda não estar fechado a previsão é de que a carga ajustada fique 1,1% menor do que em 2021. (CanalEnergia – 27.10.2022)
6 Inovação
6.1 CCEE participa do Hydrogen Dialogue Latam e amplia debates sobre Hidrogênio Renovável
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) tem participado ativamente dos debates sobre o desenvolvimento e aplicação do Hidrogênio Renovável na economia brasileira e global. Dentro desse propósito, a instituição é, inclusive, representante brasileira na liderança de um grupo de trabalho internacional sobre o tema. O objetivo da organização é posicionar o Brasil na vanguarda do tema, incentivando o desenvolvimento de negócios e ampliação da inovação do setor elétrico brasileiro. Como parte desse projeto, a CCEE foi convidada a participar do Hydrogen Dialogue Latam – evento que ocorre no próximo dia 10 de novembro, em São Paulo. A instituição participará no debate do painel: A inserção do Hidrogênio Verde na Cadeia Global, que ocorre no dia 10/11, às 10h20. (CCEE – 03.11.2022)
7 Biblioteca Virtual
7.1 Artigo GESEL: "Oportunidades no Mercado do Hidrogênio Verde"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Nelson Siffert (Pesquisador associado do GESEL), Ana Carolina Chaves (Pesquisadora Plena do GESEL) e Adely Branquinho (Pesquisadora associada do GESEL abordam as oportunidades no mercado do hidrogênio verde, com destaque ao fundo de investimento H2 Global, iniciativa da União Europeira e do German Ministry for Economic Affairs and Climate Action (BMWK). O presente artigo apresenta de maneira direta o funcionamento da iniciativa. Por fim, concluiu-se com o seguinte questionamento, “dadas as condições já estabelecidas e os aprimoramentos que ainda serão incorporados no leilão, surge a seguinte questão: terá o Brasil algum competidor no anunciado certame de 2023? [...] O que se sabe, certamente, é que a competição no leilão será acirrada e global”. (GESEL-IE-UFRJ – 03.11.2022)
7.2 Artigo de Ernani Torres e Luiz Macahyba: "Como chegar à estabilidade financeira do setor elétrico"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Ernani Torres, doutor em Economia e professor do Instituto de Economia da UFRJ, e Luiz Macahyba, doutorando da UFRJ, abordam a estabilidade financeira do setor elétrico e como alcança-la. Segundo os autores, “esse problema [a instabilidade financeira] foi exacerbado pela rápida expansão dos negócios realizados no Ambiente de Contratação Livre - o “mercado livre”. Neste segmento, os agentes firmam contratos em um mercado de balcão não organizado. Isto significa dizer que essas transações são fechadas sem que haja a “supervisão” de uma instituição centralizadora, que seja responsável por fixar as condições financeiras mínimas que têm que ser observadas por todos os participantes”. Por fim, apresentaram questões a serem solucionadas para garantir a estabilidade financeira do setor que, segundo os autores, “diante desse aumento de escala, a relevância do mercado livre na oferta de energia aumentará substancialmente, agudizando, assim, os problemas relacionados ao gerenciamento dos riscos financeiros do setor elétrico”. (GESEL-IE-UFRJ – 31.10.2022)
7.3 Artigo de David Sheppard: "UE ganhou a guerra do gás? É cedo para comemorar"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, David Sheppard, editor de energia do Financial Times, dialoga sobre o cenário do gás na Europa, sua atual situação e as possibilidades futuras do setor no continente. A queda dos preços do gás no mercado europeu nas últimas semanas, os estoques cheios e o clima mais quente que o normal, que adiou o começo da estação de aquecimento, não são suficientes para acreditar que a crise energética de alguma forma foi resolvida, dada a escala do desafio restante. O fator clima pesa sobre o mercado de gás e significa que não se pode dizer que o pior já passou. Se o inverno for brando, então a Alemanha, maior economia da Europa, poderá terminar o inverno com seus estoques quase cheios. Mas, se for um pouco mais frio que o normal, então os estoques de gás da Alemanha ficarão quase zerados até o fim de março, possivelmente exigindo um racionamento no fim do inverno ou cortes no fornecimento. (GESEL-IE-UFRJ – 01.11.2022)
7.4 Artigo de Harry Dempsey e Leslie Hook: "FT- Escassez de cobre pode atrasar eletrificação mundial"
Em artigo publicado pelo Financial Times e republicado pelo Valor Econômico, Harry Dempsey (correspontede de commodities do Financial Times) e Leslie Hook (lidera a cobertura de recursos naturais do Financial Times) abordam como a escassez mundial do cobre pode atrasar a eletrificação mundial. Segundo os autores, “os planos mundiais de eletrificar as economias e de reduzir as emissões de carbono poderão sofrer desaceleração em vista da escassez de cobre, alertou Richard Adkerson, diretor da Freeport-McMoRan, a maior produtora mundial de capital aberto do metal. Adkerson, que é o CEO e presidente do conselho de administração do grupo de mineração, disse que a disparada da demanda global por cobre para a produção acelerada de carros elétricos, energia elétrica e linhas de energia renovável levarão ao déficit de oferta do metal.” (GESEL-IE-UFRJ – 04.11.2022)
7.5 Artigo de Leonardo Freitas de Moraes e Castro e Isabella Fochesatto Panisson: “Minigeração de energia e benefício fiscal”
Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Leonardo Freitas de Moraes e Castro e Isabella Fochesatto Panisson, respectivamente, sócio e advogada de VBD Advogados, tratam da minigeração de energia e benefício fiscal. Eles concluem que “atrasar o desenvolvimento do setor de geração distribuída de energias renováveis torna-se relevante no contexto da iminência de uma restrição energética generalizada no país, tendo em vista a crise hídrica que se arrasta anos e se agravou ano passado, quando se repetiram secas severas e prolongadas decorrentes de mudanças climáticas. Nesse pano de fundo, é um contrassenso atrasar a concessão dos incentivos fiscais do REIDI para os projetos de minigeração distribuída após a publicação do permissivo legal, por mera demora do Executivo em sua regulamentação, fazendo letra morta do intuito principal da lei e deixando de fomentar projetos.” (GESEL-IE-UFRJ – 04.11.2022)
Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Pesquisadores: Diogo Salles, Fabiano Lacombe e Rubens Rosental.
Assistentes de pesquisa: Sérgio Silva.
As notícias divulgadas no IECC não refletem necessariamente os pontos da UFRJ. As informações que apresentam como fonte UFRJ são de responsabilidade da equipe de pesquisa vinculada ao GESEL do Instituto de Economia da UFRJ.
Para contato: iecc@gesel.ie.ufrj.br