IECC: nº 195 - 30 de agosto de 2022

Editor: Prof. Nivalde J. de Castro

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Índice

1 Marco Institucional

1.1 Governo pede ao ONS estudos sobre volta de horário de verão

O governo solicitou estudos sobre um possível retorno do horário de verão, extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro. O Broadcast Energia apurou que o pedido foi apresentado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em reunião na sexta-feira, 19, ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que irá elaborar a análise. O novo estudo seria motivado por uma mudança na curva de demanda de energia do País, devido à expansão dos sistemas de geração distribuída (GD). Avaliações preliminares indicam que o crescimento da modalidade traz de volta a capacidade do horário de verão de ajudar a equilibrar a demanda de energia. Apesar da mudança devido ao crescimento da modalidade, fontes ligadas ao governo afirmam que a solicitação feita pelo governo faz parte de uma análise periódica do tema. Em linha, o MME afirmou em nota que constantemente é realizada a avaliação técnica das "melhores medidas disponíveis", de acordo com o contexto energético vigente. (BroadCast Energia – 19.08.2022)

1.2 Abrace: melhorias no sistema elétrico podem reduzir custos

A retirada de "gorduras" do custo final da energia no Brasil, com a limitação de subsídios, maiores ganhos de eficiência e melhorias regulatórias, podem reduzir esse gasto em R$ 100 bilhões, apontaram grandes consumidores de energia a candidatos à Presidência da República. O material elaborado pela Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) foi apresentado para as equipes de campanha sob o argumento de que as medidas defendidas trariam um alívio de 30% no custo atual, de R$ 350 milhões, que se refletiriam nas tarifas pressionadas pela inflação e encargos nos últimos anos. De acordo com o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, o valor incorpora “tudo que os brasileiros pagam em energia elétrica, as pessoas, os negócios, empresas, mercado livre, mercado regulado”. Ao Broadcast Energia, ele informou ainda que “as conversas foram muito boas” quando questionado sobre a receptividade das propostas. O tema foi discutido com as equipes de Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e com a candidata Simone Tebet (MDB) diretamente. A equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL) não respondeu a entidade. Entre as propostas estão: retirada de custos de políticas públicas da conta de luz, fixar prazos e garantias para a regulamentação de programas de resposta da demanda e para contratação de serviços ancilares pela Aneel, apoiar iniciativas de redução de subsídios, alterações no cálculo do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) e também na contratação de energia via leilões, que devem, na visão da associação, “privilegiar a modicidade tarifária como critério de seleção do vencedor”. (BroadCast Energia – 19.08.2022)

2 Regulação

2.1 Aneel: Feitosa sugere discussão sobre redução estrutural de tarifas

O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, defendeu diante dos demais integrantes do colegiado que se discuta a redução estrutural das tarifas de energia elétrica. Ao comentar a situação da distribuidora Equatorial Maranhão, que no ano que vem deverá estar com a concessão bastante pressionada, Feitosa destacou que há uma conta a ser paga pelos consumidores do Brasil nos próximos anos, e ela não será pequena. Entre os itens que compõem esse custo estão o empréstimo contratado para dar liquidez ao setor durante a pandemia de Covid em 2020 e o da crise hídrica de 2021. Por conta do conflito da Rússia com a Ucrânia, houve ainda uma escalada dos preços dos combustíveis fósseis, afetando o custo das usinas termelétricas. (CanalEnergia – 23.08.2022)

2.2 Aneel avalia 1º chamada pública para propostas de alterações em tarifas

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) analisa a abertura da primeira chamada pública para apresentação de propostas de alterações na estrutura de tarifas para consumidores de baixa tensão. O projeto engloba os chamados “sandboxes tarifários”, que são projetos para experimentações de novas modalidades tarifárias ou formas de faturamento. Em maio, a diretoria colegiada aprovou a estrutura de um projeto-piloto de governança apresentado pela CPFL Paulista, em parceria com 31 distribuidoras. A decisão permite as atividades de gestão, organização e acompanhamento de possíveis resultados em todas as regiões do país. (BroadCast Energia – 22.08.2022) 

3 Empresas

3.1 Petrobras tem novo conselho de administração eleito

A Assembleia Geral Extraordinária da Petrobras elegeu a chapa que foi indicada pelo governo federal para compor o novo conselho de administração da empresa, resultado do processo de mudança na presidência com a saída de José Mauro Coelho. Foram eleitos oito membros pelo processo de voto múltiplo. São eles Caio Mário Paes de Andrade (atual presidente da companhia), Edison Antonio Costa Britto Garcia, Gileno Gurjão Barreto que foi eleito presidente do conselho, Iêda Aparecida de Moura Cagni, Jônathas Assunção Salvador Nery de Castro, José João Abdalla Filho, Marcelo Gasparino da Silva e Ricardo Soriano de Alencar. (CanalEnergia – 22.08.2022)

4 Leilões

4.1 Revisão 1 da Nota Técnica com Margens de Capacidade para Escoamento de Energia Elétrica para os Leilões de Energia Nova A-5 e A-6/2022

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulga a revisão 1 das Notas Técnicas 0085/2022 e 0086/2022, do Operador Nacional do Sistema (ONS), contendo os quantitativos da capacidade de escoamento de energia elétrica de todos os barramentos da Rede Básica, DIT (Demais Instalações de Transmissão) e ICG (Instalações Compartilhadas de Geração) indicados pelos empreendedores no Sistema AEGE no ato do cadastramento dos Leilões de Energia Nova A-5 e A-6/2022. As alterações realizadas encontram-se destacadas nas Notas Explicativas que acompanham as novas versões dos documentos. (EPE – 23.08.2022)

5 Oferta e Demanda de Energia Elétrica

5.1 CCEE: Consumo de energia sobe 2,6% no País em julho

A CCEE informou que o consumo de energia elétrica em todo o País aumentou 2,6% em julho quando comparado ao mesmo período de 2021. No mês, foram consumidos 63.083 MWmed, puxados pelos segmentos de serviços, bebidas e madeira, papel e celulose, principalmente. De acordo com a CCEE, o foi mais significativo no ambiente de contratação livre (ACL) de energia, que concentra grandes consumidores. Nele, a alta de consumo foi de 7,1% no mês passado ante o mesmo período de 2021. No mercado regulado, que concentra residências e pequenas empresas, o aumento foi de apenas 0,3%. O órgão setorial simula ainda os resultados desconsiderando a migração entre os dois ambientes. Nesse caso, o crescimento do mercado livre no período seria de 4,2% enquanto o ambiente de contratação regulada (ACR) teria alta de 2,1%. (BroadCast Energia – 22.08.2022) 

5.2 CCEE: Consumo de energia sobe 3,3% na 1ª quinzena de agosto

O consumo de energia no Brasil alcançou 63.519 MWm nos primeiros quinze dias de agosto, um aumento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2021, segundo informações preliminares do Boletim InfoMercado Quinzenal, da CCEE. De acordo com a instituição, o resultado reflete principalmente a retomada de alguns ramos de atividade econômica importantes para o País, como serviços e madeira, papel e celulose, além de temperaturas máximas mais elevadas em grande parte do território nacional. Na divisão entre os ambientes de contratação, o mercado livre, que concentra o consumo da indústria e de grandes empresas, cresceu 5,7% frente a igual etapa do ano anterior, com 23.219 MWm. Os demais 40.300 MWm foram destinados ao mercado regulado, no qual estão os consumidores residenciais e as pequenas empresas. Neste segmento, a alta foi de quase 2% no comparativo anual. (BroadCast Energia – 25.08.2022)

5.3 Oferta interna de energia elétrica deve subir 3% em 2022, aponta MME

A Oferta Interna de Energia (OIE) deve aumentar 1,3% em relação a 2021, ano da crise hídrica, com 305,1 milhões de tep e 46,4% de fontes renováveis, aponta o último Boletim Mensal do Ministério de Minas e Energia referente ao mês de maio e publicado na quarta-feira, 17 de agosto. A projeção estima ainda crescimento de 2,5% no consumo final, taxa maior que da OIE devido ao aumento da participação de energia hidráulica no sistema, o que reduz as perdas na geração. Para a Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) de 2022, espera-se aumento de 3%, sendo as fontes de energia renováveis responsáveis por mais de 84% na matriz elétrica nacional. Entre os destaques, alta de 8,9% para as usinas hidráulicas com a recuperação da crise e incremento de 4,2% na demanda por eletricidade, sendo puxado pelo segmento comercial, com 13%, e residencial e industrial com 2,8% e 2,3%. (CanalEnergia – 19.08.2022)

5.4 Preço de energia de longo prazo mudou de patamar, e não há sinais de retorno

Os preços de energia de longo prazo mudaram de patamar ao longo dos últimos anos, passando de um intervalo entre R$ 120 a R$ 150 por MWh para R$ 150 a R$ 200 por MWh, mas a otimização do risco-retorno limita uma escalada maior, avaliou o vice-presidente Comercial da AES Brasil, Rogério Jorge. Embora não vislumbre uma nova elevação de patamar pela frente, o executivo observa uma variedade de fatores que dificulta o retorno aos valores anteriores. Ele citou a crescente tendência de eletrificação, especialmente no segmento de mobilidade, que deverá sustentar o consumo futuro de energia elétrica. Também lembrou da crescente participação de fontes renováveis intermitentes, o que deve levar a sucessivas mudanças da curva de aversão a risco no futuro. Ele citou, ainda, a previsão de pagamento por atributo de fontes. (BroadCast Energia – 24.08.2022)

5.5 Energia solar alcança 18 GW no Brasil

O Brasil ultrapassou a marca de 18 GW de potência instalada da fonte solar, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, aponta o último levantamento da Absolar. O crescimento chegou a 38,4% de janeiro a agosto deste ano, saltando de 13 GW para 18 GW. Segundo mapeamento, o ritmo de crescimento tem sido de um GW por mês nos últimos 90 dias, o que coloca a tecnologia na terceira posição da matriz elétrica brasileira, com 8,5%. São mais de 5,6 GW de potência instalada em UFVs de grande porte, no segmento de autogeração são mais de 12,4 GW. (CanalEnergia – 22.08.2022)

6 Inovação

6.1 Governo define composição do Comitê Gestor do Programa Nacional do Hidrogênio

O MME publicou no Diário Oficial da União (DOU) portaria com a composição do Comitê Gestor do Programa Nacional do Hidrogênio (Coges-PNH2). Farão parte do colegiado pelo MME: Agnes Maria de Aragão da Costa, titular, que o coordenará; e Anderson Marcio de Oliveira, como suplente. Pela Casa Civil: Claudir Afonso Costa, como titular; e Gustavo Henrique Ferreira, suplente. Pelo Ministério da Economia: Odenir Jose dos Reis, titular; e Marcus Thulio Rocha Bezerra, suplente. Além disso, a comissão conta com colegiado pelo MMA; Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações; Ministério do Desenvolvimento Regional; Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento; pela Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Aneel; ANP e EPE. (BroadCast Energia – 19.08.2022)

6.2 Brasil será hub de exportação de hidrogênio verde, defende presidente da Vestas

A geração de energia eólica brasileira soma atualmente 20 GW, mas poderá dobrar nos próximos cinco anos, segundo o Eduardo Ricotta, presidente da Vestas para a América Latina. Com isso, o país pode se tornar um hub de exportação de hidrogênio verde, na modalidade que é produzida a partir de fontes renováveis, o que vem sendo apontado como fator-chave para a descarbonização global. (Além da energia – 18.08.2022)

7 Biblioteca Virtual

7.1 Artigo GESEL: “Hidrogênio Verde: um novo cenário para o Brasil”

Em artigo publicado pelo site especializado no setor elétrico MegaWhat, Nivalde de Castro (Professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do GESEL – Grupo de Estudos do Setor Elétrico), trata dos desafios do hidrogênio verde no setor elétrico brasileiro. Segundo o autor, “os desequilíbrios no mercado mundial de gás e petróleo com a redução da oferta russa, acendeu a luz vermelha de três variáveis estratégicas para as economias desenvolvidas, em especial da Europa: segurança energética, quebra nas cadeias produtivas e inflação.” Castro também afirma que “o Brasil possui vantagens competitivas na estruturação deste novo mercado. A primeira é o potencial de geração eólica, tanto on quanto off shore, e solar, estimada pela EPE em 1.300 GW, destacando que, hoje, a capacidade total instalada de geração é de cerca de 190 GW. O fato de o sistema elétrico ser integrado e de dimensão nacional garante que novas plantas de renováveis poderão se conectar à rede, possibilitando o suprimento de H2V aos portos oceânicos sem nenhum constrangimento”. Ele conclui: “o Setor Elétrico Brasileiro possui um grande potencial de expansão da fronteira de geração associada diretamente ao desenvolvimento da indústria eletrointensiva do H2V, sendo um novo e promissor cenário para o país.” (GESEL-IE-UFRJ – 22.08.2022)

7.2 Artigo de Reginaldo Medeiros: “10 propostas para a reestruturação do mercado elétrico”

Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Reginaldo Medeiros, Presidente da RAD – Energia no Mercado, apresenta 10 propostas para a estruturação do mercado elétrico. Dentre essas propostas estão: Competição na comercialização; Separar o mercado entre atacado e varejo na CCEE; Ampliar a segurança das operações de mercado; Realização de leilões públicos, quando necessários, e sem preferência por fontes; Gestão da demanda como consequência da melhoria na formação de preços; Remuneração de serviços ancilares; Governança do PLD e o papel das instituições; Renovação dos contratos de concessão de distribuição; Aproximando o setor de energia do mercado financeiro; Alocar a energia de Itaipu por meio de mecanismos de mercado. (GESEL-IE-UFRJ – 22.08.2022)

7.3 Artigo de Marisa Zampolli: “Setor elétrico e as tendências de investimentos para ações renováveis”

Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Marisa Zampolli (CEO da MM Soluções Integradas, engenheira elétrica e especialista em Gestão de Ativos) trata do setor elétrico e as tendências de investimentos para ações renováveis. Segundo a autora, “o setor elétrico tende a seguir por um caminho cada vez mais renovável, com o fortalecimento de matrizes verdes e novas tecnologias em prol de zerar as emissões de gases poluentes. E para isso continuar a ser um crescente, investimentos recorrentes de áreas públicas e privadas são necessários para que a expansão se torne ainda mais palpável”. Ela conclui que “as tendências de aplicações giram em torno de projetos de descarbonização, com as companhias firmando cada vez mais compromissos e estratégias relacionadas ao ESG, bem como o fortalecimento de legislações que impactem positivamente a transição energética. Já as concessionárias devem seguir com projetos que busquem conter as mudanças climáticas e garantir a segurança e qualidade elétrica, com programas de carga flexíveis e operações inteligentes.” (GESEL-IE-UFRJ – 26.08.2022)

Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Pesquisadores: Diogo Salles, Fabiano Lacombe e Rubens Rosental.
Assistentes de pesquisa: Sérgio Silva.

As notícias divulgadas no IECC não refletem necessariamente os pontos da UFRJ. As informações que apresentam como fonte UFRJ são de responsabilidade da equipe de pesquisa vinculada ao GESEL do Instituto de Economia da UFRJ.

Para contato: iecc@gesel.ie.ufrj.br